terça-feira, 5 de junho de 2018

Moção sectorial apresentada ao XXII Congresso do Partido Socialista

Com origem na discussão de um grupo de trabalho ad-hoc criado junto do Departamento de Trabalho do PS foi elaborada a moção abaixo com o título:
 

VENCER A PRECARIEDADE E GANHAR O FUTURO
 

1– Introdução: criação dos sindicatos, papel e organização

Há muito tempo que o modelo de relações laborais tem vindo a ser questionado com especial incidência sobre o papel desempenhado pelos actores principais, no que concerne à sua representatividade e até à sua existência.
O associativismo, patronal e sindical, tem tido uma relevância enorme na regulação de uma sociedade cada vez mais consumista, profundamente individualizada e consequentemente dada a desequilíbrios de natureza económica e social.

O modelo de relações laborais português assenta na pulverização das estruturas representativas de ambos os lados, se bem que no caso empresarial o associativismo tenha um peso muito relativo no sistema político democrático-liberal da 1.ª República, o que gerou grande dificuldade na sua adaptação ao regime corporativo.
Nos discursos oficiais prevaleceram críticas e ameaças ao pouco interesse do patronato na criação voluntária dos grémios, essenciais à constituição do sistema corporativo, e não foi por acaso que surgiu posteriormente a figura jurídica do grémio obrigatório. Situação diferente ocorreu no desenvolvimento do sistema democrático vigente no qual as associações patronais ultrapassaram em número as associações sindicais.

Durante a 1.ª República o associativismo sindical, consubstanciado em pequenos, mas dinâmicos sindicatos operários, combateu em simultâneo patronato e governo, apesar de nunca deixarem de defender a República contra os ataques monárquicos, constituindo-se como um garante do republicanismo e um esteio da democracia até ao movimento insurrecional de 18 de Janeiro de 1934.
Salazar e o núcleo que o rodeou compreenderam muito bem o papel dos sindicatos e a sua importância na construção do Estado Novo, erguendo o edifício doutrinário e repressivo a partir dos grémios patronais e dos sindicatos nacionais, os organismos corporativos de excelência na base da estrutura.

Apesar de tendencialmente obrigatória a filiação sindical, os benefícios que daí advinham como as casas de renda económica, a constituição das caixas de previdência sindicais e até, em muitos casos o direito ao trabalho, não produziram sindicatos mais fortes como propagou o regime da altura que publicou legislação na qual não era possível constituir sindicatos com menos de cem sócios, em tom de resposta ao liberalismo republicano.
O associativismo sindical, fortemente controlado pelo dito regime, assente em sindicatos de profissão ou de grupo profissional de dimensão distrital, raramente de âmbito regional ou nacional, apesar do número crescente de associados, carecia da intervenção administrativa do Governo, através de despachos subscritos pelo subsecretário de Estado das Corporações, visando a extensão dos contratos colectivos de trabalho modelados pela administração.

Com a mudança de regime o sistema político vigente tem evoluído para uma democracia de natureza social, apesar das vicissitudes por que tem passado, com substancial empenhamento dos sindicatos, não só na conquista de direitos sociais, mas no alargamento do seu papel no contexto da sociedade em todas as matérias de natureza social, económica e política em convergência ou não com as forças políticas.
O modelo sindical português continua a ser caracterizado pela existência de uma miríade de sindicatos que procuram assegurar o equilíbrio ao nível das relações de trabalho, a par de outras questões que se colocam para o futuro.

O sindicalismo moderno não intervém apenas na protecção dos associados, mas em tudo o que diga respeito às pessoas, designadamente a fragilidade do emprego em competição crescente com o factor tecnológico, as condições de trabalho como a precariedade, com efeitos profundos na qualidade de vida das pessoas.
A existência de sindicatos beneficia a sociedade, em geral, mas o sindicalismo independente, dinâmico e generoso é um dos principais factores de sustentação de uma democracia de valores quando se pensa nas pessoas.   
2 – Futuro do trabalho: imprevisibilidade e tendências

Já foi amplamente demonstrada a estreita ligação entre uma forte negociação colectiva para a protecção dos trabalhadores, a distribuição de riqueza e o combate à precariedade.
Se aceitarmos como correcta a premissa acima, forçoso será concordarmos que a forma como as organizações sindicais se estruturam e funcionam é particularmente importante. A tentação é grande para nos debruçarmos sobre o tema, mas garantimos que não sucumbiremos! Apelamos apenas às organizações sindicais que têm a obrigação de se afirmarem como vanguarda e de demonstrarem que a melhor maneira de proteger os trabalhadores não é murarem-se numa resistência condenada à partida, mas sim terem a coragem de se exporem e de encetarem as mudanças que a urgência do mundo lhes exige.

O que nos propomos fazer é analisar a situação actual, pese embora os múltiplos diagnósticos disponíveis, e partirmos para um quadro realista que vai exigir a todos os responsáveis e protagonistas, seguramente, que saiam das suas zonas de conforto porque se não o fizerem, face aos desafios a enfrentar, serão corresponsáveis pelo aumento da precariedade e da pobreza para além de se tornarem os obreiros do seu próprio definhamento.
Portugal é a par da Espanha e da Polónia um dos países da UE que apresenta um maior índice de precariedade. Não é por isso de estranhar que este governo tenha feito da batalha contra a precariedade uma prioridade insistentemente concretizada. Pela segunda vez a nível nacional e decorridos mais de vinte anos desde o processo de legalização de trabalhadores precários feito por António Guterres, este Governo encetou o chamado PREVPAP (Programa de Regularização dos Vínculos Precários na Administração Pública), ainda a decorrer e em que apenas a nível da Administração Central se abrangeu cerca de 32.000 trabalhadores.

Não podemos (nem queremos) esquecer os 4 anos de governo PSD/CDS que tão tragicamente marcaram o quotidiano de milhões de portuguesas e portugueses, agravando os índices de precariedade e lançando milhares de pessoas na pobreza, com especial impacto nas crianças, jovens e idosos/as e engrossando uma nova e infeliz categoria – a dos trabalhadores pobres. Aqueles que apesar de trabalharem não conseguem auferir rendimentos que lhes garantam uma vida digna.
É preciso não esquecer que a precariedade não é apanágio do sector público e que não temos tido sinais convincentes de que para os empresários portugueses, esta seja uma batalha fundamental. Pelo contrário: baixos salários, condições de trabalho indignas, exploração dos mais vulneráveis. 

É neste contexto complexo que o governo do PS, decorrido um ano sobre o lançamento do Livro Verde para as Relações de Trabalho -  um diagnóstico minucioso sobre a situação do mercado de trabalho em Portugal -  apresentou em sede de CPCS (Comissão Permanente de Concertação Social) um conjunto de 27 medidas que, pela sua especificidade não cabe serem escalpelizadas e debatidas neste fórum mas cuja existência merece ser conhecida se se quiser fazer uma análise séria dos vários problemas com que as trabalhadoras e os trabalhadores se confrontam no nosso País mas, sobretudo, das soluções que exigem.
Tudo o que acabámos de expressar está intimamente ligado a uma das nossas maiores preocupações e que podemos sintetizar (embora de uma forma um pouco básica): como é que um mercado laboral com altos índices de precariedade se prepara para conviver com formas extraordinariamente avançadas de organização do trabalho?

Alguns dados[1] e informações apenas para nos ajudarem a compreender a realidade:

·        2/5 da força de trabalho europeia possui fracas ou nulas competências digitais

·        21% dos europeus não utilizam a internet ou seja cerca de 1/5, sendo que as percentagens diferem entre 3% no Luxemburgo a 44% na Bulgária e Roménia;

·        Em 8 países da EU, incluindo Portugal, 30% a população não tem competências digitais;

·        45% dos europeus têm baixas ou nulas competências digitais.

E se constatamos que a distribuição é variável não é menos verdade que se encontra em permanente crescimento, com assinaláveis diferenças entre o norte e o sul da Europa, com o Sul em desvantagem, com diferenças no género e também diferenças a nível etário.
Segundo o Eurostat no índice “baixas competências genéricas” abrangendo o conjunto das faixas etárias dos 16 aos 74 anos ou as mulheres e os homens estão equilibrados, dependendo da idade, ou os homens apresentam maiores competências enquanto que nas “competências genéricas superiores” os homens estão em vantagem excepto no grupo dos 16 aos 24.

Uma outra caraterística que devemos ter em conta são as diferenças constantes em grupos desfavorecidos, como os desempregados, as pessoas mais velhas e as portadoras de deficiência, constituindo a pobreza, evidentemente, um factor de exclusão.
Atentemos nestas características e no facto de que segundo a UE todos os postos de trabalho necessitarão de alguns conhecimentos e competências digitais e registemos que a automatização, nomeadamente, implica:

·        Menores custos, novos produtos, novas máquinas, retirando penosidade e substituindo tarefas repetitivas e perigosas;

·        O aumento dos níveis de eficiência e de segurança (SST);

·        Genericamente, a eliminação dos constrangimentos de espaço e de tempo;

·        Em geral, a eliminação de postos de trabalho e a diminuição da dimensão das empresas;

·        Uma tendência do aumento de trabalhadores altamente qualificados e a redução da procura de trabalhadores com menores qualificações e ainda o esvaziamento de trabalhadores com qualificações intermédias que pode conduzir à perda de cerca de um terço dos actuais postos de trabalho.
 A Estratégia 2020 da UE define a robótica da seguinte forma:

“A tecnologia da robótica tornar-se-á dominante na próxima década. Influenciará todos os aspectos do trabalho e da casa. A robótica tem capacidade para transformar vidas e práticas de trabalho, aumentar os níveis de eficiência e de segurança e proporcionar níveis de serviços reforçados e criar emprego. O seu impacto aumentará ao longo do tempo, o mesmo acontecendo com a interacção entre robôs e pessoas”.
Esta visão parece-nos, infelizmente, demasiado óptimista. É bem verdade que não podemos parar o tempo nem nos parece inteligente tentar fugir a uma realidade que crescentemente será a nossa. Mais, que já é a nossa. E esse facto é que constitui desde já um problema, problema esse para que temos de estar preparados com urgência. Todos. Sindicatos, empresas, trabalhadoras e trabalhadores, homens e mulheres.

Deixamos algumas interrogações. Como organizar eficazmente trabalhadores em empresas em que robôs já são maioritários? Robôs que não fazem greve, não têm horário de trabalho a cumprir, não têm férias nem feriados, não faltam para acompanhamento dos filhos, aliás nem têm filhos, em suma nada reivindicam e mesmo com a possibilidade de desconto para a segurança social, como alguns advogam, provavelmente, não deixará de ser problemática a continuação do sistema de segurança social público com o grau de protecção que hoje conhecemos.
Poderíamos elencar muitas outras interrogações e preocupações. Deixamos apenas uma nota especial no que respeita às mulheres. É uma óbvia referência de esperança quando constatamos que na faixa etária dos 16 aos 24 anos as mulheres ocupam a maioria no que respeita às “competências genéricas superiores”,  mas não podemos ignorar que embora saiam em maior número das universidades e com melhores notas os desequilíbrios no acesso ao mercado de trabalho e sobretudo a lugares de chefia continuam a ser especialmente evidentes, constituindo um desperdício  de capital humano inaceitável, a que a sociedade não se pode dar ao luxo. Acresce que quando a UE prevê com o desenvolvimento da robótica, embora de forma geral, os constrangimentos de espaço e de tempo, essa característica não pode deixar de ter impacto sobre o quotidiano das mulheres. Será que as mulheres serão remetidas em maior número e crescentemente para um trabalho realizado a partir de casa? Será que com o aumento da exigência a nível das qualificações o espaço privado passará a ser partilhado de uma forma mais equilibrada? Será que este tipo de trabalho não tem, para homens e mulheres, um impacto decisivo sobre a necessária socialização dos seres humanos?

Interrogações para as quais ainda não existem respostas certas. O que já conhecemos é a indesejável promiscuidade entre o espaço privado e o espaço público, atenuando cada vez mais as fronteiras entre a esfera familiar e a esfera profissional, de que o chamado “direito a desligar” é apenas um dos aspectos negativos.
Não temos a pretensão, nem a arrogância de vos apresentar soluções feitas. Esta Moção pretende tão só levantar questões e, sobretudo, deixar alertas para a nossa responsabilidade colectiva enquanto socialistas.

O tempo tem-nos ensinado que as novas tecnologias não trazem só benefícios e vantagens. São igualmente portadoras de desafios e mesmo de enormes ameaças. Talvez seja uma questão geracional, mas uma sociedade do “conhecimento ubíquo” é uma visão portadora de inquietude no que pressupõe de devassa da vida pessoal e da promiscuidade entre as esferas privada e pública.
Esperemos ainda que a nível da robotização, na Europa, exista uma maior partilha de conhecimentos e uma maior cooperação no sentido de potencializar ao máximo as vantagens e diminuir os efeitos negativos.

Não resistimos a citar Steve Jobs: “A tecnologia por si só não é nada. O que é importante é que tenhas fé nas pessoas, que basicamente são boas e inteligentes e que se lhes derem as ferramentas adequadas irão fazer coisas maravilhosas com elas”.    

3 - Situação actual: País e movimento sindical

Podemos caracterizar os pontos fortes e as fragilidades actuais do Partido Socialista e do seu Governo, face o Mundo do Trabalho, da seguinte forma:

A)  Pontos fortes - O PS tem governado atendendo aos problemas concretos do País e do Mundo do Trabalho, em cumprimento do seu Programa e actuando em quatro dimensões, a saber:

·    Direitos laborais – Com especial incidência na Administração Pública, sector fortemente penalizado pela austeridade da Direita, recuperaram-se vários direitos, tais como o horário semanal das 35 horas para a maioria dos trabalhadores, a eliminação da abominável “requalificação” -  porta escancarada para o desemprego -  ou ainda o combate à precariedade com a criação do Programa de Regularização dos Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP), constituindo todos marcos especialmente assinaláveis. No Sector Privado e no Sector Público Empresarial destacamos o progressivo desbloqueamento da negociação coletiva, nomeadamente, com o encurtamento significativo do prazo na publicação das portarias de extensão e ainda a reversão dos quatro dias feriados eliminados pelo anterior governo que representam mais lazer e recuperação de rendimentos, beneficiando todos os trabalhadores/as, independentemente do sector a que pertençam;

·        Direitos sociais – a reversão de várias políticas sociais, recuperando rendimentos e direitos, nomeadamente, o aumento do IAS para 428,90 euros, o descongelamento e o aumento das pensões, sobretudo das mais baixas que sofreram igualmente um aumento extraordinário, do Abono de Família com a criação do 4º escalão e a majoração até aos 3 anos da criança bem como a majoração para casais monoparentais e a bonificação por deficiência para crianças e jovens portadores de deficiência, do Complemento Solidário para Idosos (CSI) e do Rendimento Social de Inserção (RSI). De referir ainda a aprovação do novo regime de contribuições para os trabalhadores a recibo verde e o recente acesso ao subsídio de desemprego logo após um ano ou ainda a eliminação do corte dos 10% no subsídio de desemprego ao fim de 180 dias. Relacionadas directamente com estes benefícios sociais referimos ainda as alterações no sistema fiscal, como por exemplo, a alteração dos escalões do IRS e a eliminação da sobretaxa de IRS, melhorando de forma concreta as condições de vida dos trabalhadores/as;

·         Salários – Destacamos o enorme incremento do SMN que, em três anos, teve um aumento de 14,85%, ou seja, mais 75 euros, que é o maior aumento do SMN de que há memória;

·        Emprego – O aumento do emprego e a redução do desemprego, tendo este descido de 12,2%, em Novembro de 2015, para 7,8% em Fevereiro de 2018, representando uma diminuição de 221 mil desempregados/as são dos mais importantes pontos fortes que assinalamos. De destacar ainda o impacto da conjugação destes dados com o aumento ocorrido no mesmo período de 277 mil novos postos de trabalho e a franca descida do desemprego jovem e do desemprego de longa duração, não esquecendo a prioridade dada pelo governo à qualidade do emprego e ao combate à precariedade;

No elenco dos pontos fortes da governação do Partido Socialista, destacamos em primeiro lugar o regresso à normalidade democrática e a uma situação de previsibilidade no quotidiano das portuguesas e dos portugueses. Em foco a situação excepcionalmente feliz da economia, em 2017, com uma extraordinária redução do défice para 0,9 % (o mais baixo em 44 anos), um crescimento da riqueza de 2,7% e ainda uma descida significativa da dívida, factores extremamente positivos com consequências transversais que beneficiam toda a sociedade
 
     B)   Fragilidades
 
·        No sector privado, constata-se que o crescimento da economia (2,7% em 2017) não se reflecte de forma equivalente na contratação colectiva e que os patrões continuam a utilizar a caducidade das convenções colectivas como arma de arremesso a fim de as substituir por outras com menores direitos;

·         Esta situação indica que não existe uma partilha equilibrada da riqueza. Embora os sucessivos aumentos do SMN sejam especialmente positivos e, como é óbvio, abranjam um número crescente de trabalhadores, facto é que a aproximação ao salário médio é motivo de preocupação pois indicia alguma estagnação dos salários a nível da negociação colectiva;

·        No sector público, não podemos deixar de referir que continuam a existir várias matérias controvertidas nas negociações entre o Governo e os Sindicatos, nomeadamente: o descongelamento de carreiras, a contagem dos anos de serviço dos professores e de outros sectores de actividade, os aumentos salariais para 2019, matérias para as quais é fundamental continuar o diálogo com os sindicatos de forma a encontrar soluções devidamente negociadas;
 
C)  Movimento Sindical

·        Os sindicalistas socialistas, pelo facto de se encontrarem filiados em organizações sindicais diferentes – UGT e CGTP-IN –, que possuem culturas organizativas e práticas sindicais distintas, devem ter em conta essa situação na procura das soluções que melhor sirvam os interesses do Mundo do Trabalho;

·        Esta constatação atribui ao Partido Socialista, através da sua Direcção e da TSS – Tendência Sindical Socialista (a nível nacional), respeitando escrupulosamente a autonomia e a acção das organizações sindicais, um papel relevante enquanto interface ideológico e político dos sindicalistas socialistas;

·        Por, às vezes, existir falta de informação fidedigna e atempada ou mesmo, nalguns casos, curto-circuitos entre a governação do PS e a acção dos sindicatos, é necessário e urgente melhorar os canais e a relação entre os sindicalistas socialistas, o Governo e o próprio PS com vista a uma resolução política dos problemas, mais célere e eficaz. 
 
4- Síntese e propostas:

 A inovação tecnológica resultante de um desenvolvimento científico sem precedentes permite reconhecer que estamos a passar de uma sociedade assente no trabalho com uma forte componente humana para uma sociedade do conhecimento em que os meios tecnológicos são cada vez mais preponderantes.
Tal facto, com desenvolvimentos ainda não plenamente identificados nas suas consequências impõem um envolvimento da sociedade e das suas instituições e organizações reconhecidas como fundamentais na relação com as pessoas em concreto e na promoção do bem-estar individual e colectivo.

Este processo associado à inovação tecnológica num ambiente de crise tem-se desenvolvido com uma maior concentração da riqueza nos mais ricos, perda de direitos dos trabalhadores e precaridade do vínculo laboral e um forte ataque ao Estado Social, obrigando assim, à necessidade de uma intervenção política e a um envolvimento sindical mais fortes.
Ao nível político através de um quadro legal que promova uma equitativa distribuição de riqueza, a efectiva garantia dos direitos dos trabalhadores/as nomeadamente na eliminação da precaridade laboral, mas também, na promoção da igualdade de género.

Ainda ao nível da decisão política, a efectiva promoção da regulação do trabalho com o envolvimento dos sindicatos e dos empregadores e a credibilização crescente do dialogo social tripartido sendo que só assim se poderá ajustar as condições do trabalho aos sectores específicos de actividade e aos desafios das novas formas de organização do trabalho, cumprido que seja o quadro legal das condições para a sua prestação.
Para o efeito importa:

A)  Reanalisar o Código de Trabalho que, atenta a realidade do tecido social, regule de forma mais adequada as normas laborais de acordo com os novos desafios, reequilibrando o peso relativo das partes, com o envolvimento institucional dos parceiros sociais;

B)   Promover formas avançadas de articulação entre os diversos tipos de convenções colectivas (CCT/ACT/AE) desenvolvendo o actual artº 482 nº5 do Código de Trabalho;

C)   Proceder à revisão dos actuais conceitos relativos à arbitragem obrigatória tornando-a adequada à superação dos recorrentes obstáculos da contratação colectiva, mediante a obtenção de um resultado, de acordo com o estabelecido na Constituição da República Portuguesa;

D)  Criar um órgão de resolução de conflitos específico para a Administração Pública, autónomo e independente da tutela do Ministério do Trabalho, para evitar a promiscuidade das decisões em causa própria.

 Lisboa, 2 de Maio de 2018

Os/as subscritores/as:

 
Wanda Guimarães ……. militante nº  69.012
 
António Correia …….… militante nº  17.213

António Santos Luís …. militante nº  39.686


Carlos Marques ……… militante nº  63.297

Carlos Trindade ……..  militante nº  27.317

Fernando Gomes ……. militante nº  24.736

Ivan Gonçalves ……… militante nº 111.072

José Abraão …………. militante nº     9.034

Soraia Duarte ……….. militante nº 160.448

Victor Coelho ……..…. militante nº 130.307

 

 
Nota: Este texto é escrito de acordo com a anterior ortografia
 






[1] In Digital Skills in the Labour Market – European Parliament Research Survey
   Monika Kiss – Janeiro 2017

Sindicalistas socialistas da CGTP-IN ausentes da Comissão Permanente de Concertação Social pela primeira vez desde 1987

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