Moção POR UMA IDEOLOGIA DE ESQUERDA
Formámos um grupo de reflexão há cerca de 8 anos. Temos um blogue e nunca deixámos de nos interessar pelas questões do mundo do trabalho.
Somos mulheres e homens,
militantes socialistas de longa data, oriundos, maioritariamente, do movimento
sindical.
Porquê esta moção? Porquê “Por uma ideologia de
Esquerda”? Porque o Congresso deve ser um espaço de debate, aberto, arejado, de
ideias e de propostas.
Pretendemos
demonstrar:
1. Através de dados estatísticos eleitorais de
alguns países europeus (Alemanha, Espanha, França e Grécia) que sempre que o
socialismo democrático/social-democracia abdicou da sua identidade de esquerda
e mimetizou a direita, a extrema-direita cresceu. Para que servia ser de esquerda se esquerda e direita se
confundiam e projetavam modelos de
sociedade muito idênticos?
2. Que a 3ª via de Blair e Schröder, foi a
coveira do socialismo democrático na Europa e de um declínio de anos, que
parece estarmos finalmente a ultrapassar. Em alguns países os partidos da social-democracia
começam outra vez a emergir e a traçarem linhas vermelhas de vergonha quando
formam governo. Na Alemanha temos o SPD à frente.
3. Que Portugal e o PS têm sido a exceção.
Porque a opção tem sido derrotar a extrema-direita pelo
reforço da esquerda e, também, como a aposta do PS nos serviços públicos, sobretudo,
no combate à Covid, derrotou as teses neoliberais.
E, finalmente, uma conclusão em que elencamos
algumas medidas que o governo do PS deve manter ou adotar.
As políticas vigentes em
muitos países da União Europeia evoluíram para a desvalorização da ideologia em
prol de uma visão contabilística menorizando o trabalho enquanto atividade
essencial da dignidade do ser humano e adotaram políticas orientadas para o
emagrecimento e redução dos poderes públicos.
A “moda” fixou-se em modelos
económicos vocacionados para a obtenção de resultados imediatos, mais
orientados apenas para o lucro pelo lucro, do que para a criação de empresas
que contribuam para uma mais justa repartição dos rendimentos, proporcionem produtos
e serviços necessários às populações, sejam geradoras de emprego e contribuam
para a riqueza dos países.
Em Portugal, não tem sido este
o percurso dos governos socialistas. Aliás, nas suas diferentes formulações. O
governo de António Costa mantém o mesmo nível de prestígio e de aceitação do
início, apesar de mais de ano e meio de uma duríssima crise pandémica para a
qual não existia preparação possível. É esta linha de coerência, enquanto
partido do socialismo democrático, que o povo exige e, por isso, lhe dá a sua
confiança. E, é por isso, que ao contrário de outros países europeus, em
Portugal, o partido da extrema direita não cresce à custa do PS, mas alimenta-se
dos votos dos partidos da direita - PSD
e CDS.
A realidade
é complexa, mas a conclusão é simples. A população continua a apoiar um governo
socialista porque existe uma linha de coerência entre aquilo que ele é e os
princípios que defende, o que promete e o que realiza.
Wanda Guimarães
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