segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Considerações quanto ao 23.º Congresso do Partido Socialista

 


O 23.º Congresso do partido socialista foi exatamente aquilo que se esperava: o cumprimento de calendário (nunca percebi porque é que se passou de 4 para 2 anos, gastando recursos que fazem tanta falta) e a mobilização para as eleições autárquicas. Pelo meio, por vezes, a exposição de vaidades diversas, mas também algumas boas intervenções. Presenciais e on-line. Ao todo, 150 intervenções que se prolongaram no sábado pela noite dentro até perto da 1 da manhã! Já no domingo, portanto.

Seguidamente, pouco passava das 10 da manhã, foi a vez da apresentação das moções sectoriais para aqueles/as que assim optaram. Outros/as fá-lo-ão em reunião da Comissão Nacional. Tive a oportunidade (3 generosos minutos para cada intervenção!) e o gosto de apresentar, em representação do Clube de Política – Laboratório do Trabalho PS, a Moção “Por uma Ideologia de Esquerda” e o António Santos Luís “O Trabalho nas Plataformas Digitais On-line”. Aliás, no sábado já tinha feito uma intervenção sobre um ponto específico da Moção do António Costa, de que vos damos nota seguidamente.

Importante, importante foi a intervenção de encerramento de António Costa. Como estávamos sentados na fila imediatamente atrás dos “patrões” do turismo e do comércio, foi fácil perceber algum incómodo!

Quanto à telenovela mexicana da sucessão de Costa e do “friso” de candidatas/os expostos em permanência na Mesa do Congresso, foi mais a necessidade de os meios de comunicação arranjarem um qualquer mexerico no meio de um Congresso tão calmo e desengraçado, do que outra coisa qualquer!

Sobre a:  “ Moção global: Recuperar Portugal - Garantir o Futuro”. 

Um agradecimento para os resistentes (já eram 21 horas)! Porque um congresso é isto mesmo: debate de ideias e a capacidade de nos ouvirmos.

Uma pergunta:

Porque é que os crachás continuam a ser apenas no masculino?

Duas questões numa crítica construtiva:

Sei que uma moção de António Costa não é um programa de governo mas um pouco mais de densidade não ficava mal. Existe uma  falha lamentável: em nenhum lado, em nenhuma linha, existe uma visão estratégica para o trabalho, para o papel dos sindicatos, para a articulação entre o partido e os sindicatos.

Pensam que os trabalhadores portugueses votam maioritariamente no PCP? Não. Votam esmagadoramente no PS.

2ª questão:

 Promoção do envelhecimento ativo e saudável – pág. 34

Há uma certa superficialidade, um conjunto de evidências e de lugares comuns que não se esperam. Nenhuma pessoa de bom senso pode estar contra. Não existe nenhuma marca socialista. Zero!

Exemplos:

1. É fundamental apostar num envelhecimento ativo e saudável que minimize ou retarde o surgimento de doenças crónicas.

2. O envelhecimento ativo e saudável promove-se com hábitos de vida saudável durante a vida ativa, sendo as autarquias essenciais para a promoção da atividade física e desportiva, das zonas de lazer e dos equipamentos de apoio à atividade física, promoção da alimentação saudável e de espaços que promovam a vida comunitária.

3. Formações digitais e tecnológicas para a comunidade sénior podem ser medida de sucesso na promoção do envelhecimento ativo.”

Ora o que se espera é uma marca socialista, como nos é dada por exemplo num artigo do nosso camarada Lacerda Sales, Secretário Adjunto da Saúde num artigo publicado no dia 25, no “Público”, sobre o mesmo assunto:

1. Imperativo moral (e eu acrescento político) de integrar o envelhecimento nas dinâmicas pessoais e sociais , como parte da realização dos indivíduos.

2. Será preciso promover a integração e participação dos mais idosos nas estruturas da vida social, potenciando o contributo que podem dar à sociedade, inclusivamente em espaços de decisão política.

3. Repensar as modalidades e os vínculos laborais para lá da idade da reforma. Favorecer a ligação dos indivíduos mais velhos à sociedade e às suas comunidades.

É urgente: ´pensar e agir em novos modelos de inclusão, que os velhos de 2021 … Sou eu, 77 anos! Não precisamos que nos metam em guetos mais ou menos dourados. Precisamos de nos sentir úteis. De dignidade. De termos participação cívica e política.

E, por

isso, deixo aqui o meu apelo aos autarcas socialistas. Vocês que representam a forma mais aperfeiçoada de democracia, que estão no terreno, que dão a cara, que não precisam de serem eleitos em lista encabeçada pelo SG para serem conhecidos, deixem a vossa/nossa marca socialista e ganhem estas estas eleições pelo PS!

Wanda Guimarães


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