Ao ressurgimento do império czarista desejado por Putin, opõem a CGTP o renascimento do império soviético. Só este pensamento pode justificar a posição tardia da CGTP, bem como o seu conteúdo, sobre a invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
A desculpabilização da invasão
russa, que para a CGTP decorre “de uma dinâmica mais geral, que se vem
intensificado ao longo do tempo, em que a NATO, os EUA e os seus aliados têm
assumido um papel central”, citando, a esse propósito, o bombardeamento da Jugoslávia, a
intervenção no Iraque, na Síria ou na Líbia, mas esquecendo o ataque da Rússia à Geórgia em 2008, a
invasão da Chechénia, cuja independência foi negada até hoje, através da via
armada num conflito que já se traduziu em centenas de milhares de vitimas civis
ou, mais recentemente, na ocupação militar da Crimeia e no apoio militar a
grupos de extrema direita pró-russos na região ucraniana de Donbass, apoio
militar esse que se traduziu na utilização de equipamento militar da última
geração como aquele que levou ao abate, no leste da Ucrânia, de um avião civil
da Malaysia Airlines com a morte dos seus 298 ocupantes.
Para a CGTP a invasão de um país
soberano, em profunda violação dos princípios e artigos da Carta das Nações
Unidas, encontra respaldo “na permanente aproximação das fronteiras russas
por parte da NATO”, justificando assim o injustificável, isto é: que a
autonomia e liberdade de cada país na definição da sua política de alianças,
sejam eles de natureza política ou militar, terá de ficar dependente daquilo
que o país predominante na região entender que melhor o serve. E neste caso,
país predominante é hoje a Rússia de Putin como no passado foi a Rússia
soviética de Lenine e Estaline.
Foi este o pensamento que no
período soviético serviu para impedir em 1956 que a Hungria se libertasse do
jugo comunista, esmagando através de blindados a revolta popular, foi assim em
1968 com a invasão da Checoslováquia impossibilitando a aplicação da reformas
desejadas pelo seu povo.
Todos estes movimentos militares
possuem em comum o controlo político através das armas, por parte de um
império, primeiro soviético, hoje neoczarista de Putin, sobre qualquer país, anteriormente pertencente a esses impérios.
Uma nota final. Fica para a
história a posição do Partido Comunista Português sobre aquelas datas, bem como
sobre a atual invasão da Ucrânia, e só não ficou para a história a posição certamente
igual, como hoje acontece, da CGTP sobre aquelas invasões porque só foi criada em 1970.
28 de fevereiro de 2022
Carlos Marques
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